terça-feira, 28 de junho de 2011

com S e com X

Algumas palavras têm pronúncia igual e se parecem muito, mas um detalhezinho as diferencia: uma é com S e outra é com X. E esse detalhe é o X da questão.
  • ESPIAR e EXPIAR
Espiar é fácil. Tem o significado de “espionar, espreitar, observar”. Muito usado em frases como “João espiava o inimigo”, “O bicho espiava a floresta”, “Rubens espiava a vizinha tomar banho” etc. Já expiar não se conhece tanto assim. Significa “perdoar crimes por meio de penas ou castigos”, “sofrer as consequências de”, “obter perdão, reparar, purificar”. São exemplos: “Às vésperas do Yom Kippur, judeus expiam seus pecados”, “Preciso expiar a minha culpa”, “Expiei um desvario do espírito”, “Expiar a mesquita, para a consagrar em templo do só Deus verdadeiro”. Quando pronominal (expiar-se), se refere a “purificar-se (de crimes ou pecados)”, como em “Expiar-se de toda a mácula”. Expiação é o castigo ou sofrimento de pena para compensar o delito; a penitência; a reparação [Exemplos: para os católicos, a morte de Jesus foi a expiação dos pecados da humanidade, ou seja, era uma punição para salvar o restante. Morreu para expiar os pecados de todos. No judaísmo, a expiação acontece por meio de rituais anuais no Yom Kippur (Dia da Expiação)].
A expressão “bode expiatório” surgiu daí. Como parte das cerimônias do Yom Kippur, um bode era levado para longe por um sacerdote, que punha as mãos em sua cabeça e confessava todos os pecados do povo de Israel. O bode então era abandonado na natureza selvagem, levando consigo os pecados de todos. Esse era o “bode expiatório”.
Em sentido figurado, um “bode expiatório” é aquele indivíduo escolhido para levar a culpa sozinho por algo negativo (que, muitas vezes, ele nem cometeu). Pode se referir a um grupo de indivíduos também, como os judeus, que foram os “bodes expiatórios” durante o nazismo, levando a culpa pelos problemas políticos e econômicos da Alemanha.
  • ESTÁTICO e EXTÁTICO
Estático quer dizer “em repouso, imóvel, parado”. Como em “O rapaz permaneceu estático diante do túmulo do pai”, “Neymar chutou e o goleiro ficou estático”, “As modelos eram orientadas a ficar estáticas e sorrir”, “A democracia não é algo estático”.
extático significa “em êxtase, absorto, maravilhado, pasmado, boquiaberto”. Exemplos: “O torcedor ficou extático durante o gol”, “Alguns médiuns ficam extáticos ao receber revelações”, “Alguns procuram atingir o estado extático”.
  • ESPECTADOR e EXPECTADOR
É um erro muitíssimo comum confundi-los. Mas, normalmente, o que você vai usar é espectador, que é quem assiste a um espetáculo, que observa ou vê algo, a testemunha ocular de algo. Aquele que vê pela televisão, portanto, é o telespectador.
Expectador, por outro lado, é aquele que está na expectativa. “No fim da gravidez, a mãe é expectadora do filho”, “Esses jovens são expectadores da lista de aprovados no vestibular”, “O pai continuava esperançoso, expectador”.
  • ESTRATO e EXTRATO
Estrato é camada. O estrato geológico ou rochoso são camadas de rochas sedimentares. O estrato social são camadas sociais. Assim como o estrato córneo é a camada mais externa da pele e a estratosfera é uma camada da atmosfera.
Extrato é o produto da extração, uma substância extraída de outra, um resumo ou fragmento. Extrato de tomate é aquele extraído dele. Extrato de conta bancária é um sumário de uma conta, com indicação do saldo. Extrato vem de extrair, que é “tirar alguma coisa de algo”, “separar ou ingrediente de alguma coisa utilizando algum método”, “tirar ou copiar de um livro ou documento".

NATO e INATO

No dicionário está assim:
Nato: adj (lat natu) 1 Nado, nascido. 2 Congênito, inerente, natural.
Inato: adj (lat innatu) 1 Que não nasceu, que não teve princípio. 2 Que nasceu com o indivíduo; congênito, ingênito, inerente.
Nato vem do verbo nascer, em latim. Ao se dizer “Fulano é um vencedor nato”, isso significaria dizer “Fulano nasceu vencedor”. Ou “é um artista nato”, que quer dizer “nasceu artista”. Ou “brasileiro nato”, o que significa que “nasceu brasileiro”.
Já quando dizemos “Fulana possui condições inatas”, seria como dizer “Fulana nasceu com condições”. Ou “tem capacidade inata”, que quer dizer “nasceu com capacidade”.
Sendo assim, fica mais fácil quando associamos NATO a “nascer” e INATO a “nascer com”.
Os casos em que inato assume o significado de “não nascer” são menos comuns, mas podem acontecer em frases como “filho inato”, o que quer dizer “filho que não nasceu”.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

SENÃO e SE NÃO

SENÃO tem diversos significados. É usado como “do contrário”, “mas”, “mas sim”, “mais do que” e “a não ser”. Vamos ver nos exemplos:
É melhor você trabalhar, senão [do contrário] não terá dinheiro.
Ele saiu cedo de casa. Senão [do contrário], como explicar por que não atendeu ao telefone?

Alguns homens não foram apenas brutos, senão [mas também] intolerantes.
Era um juiz não apenas culto, senão [mas também] corretíssimo.

A intenção do advogado não foi interromper, senão [mas; mas sim] corrigir a testemunha.
Não o fez FHC, senão [mas; mas sim] Lula.

Ele não sairá de casa senão [a não ser] por um bom motivo.
Não faz nada senão [a não ser] beber.

Não há senão [mais do que] 20 crianças dentro da escola.
As drogas não oferecem senão [mais do que] uma fuja da realidade.

  •  Há também certas expressões com SENÃO:

(eis) senão quando: O equivalente a “de repente”, “mas, quando menos se esperava”.
Exemplo: O silêncio na rua era pleno. Eis senão quando um alarme disparou.

Senão vejamos/ senão, vejamos: A vírgula é opcional. Expressão comumente usada em textos jurídicos. Em vez de significar “do contrário”, este senão confirma o que foi dito anteriormente.
Exemplo: O pedido deve ser acolhido. Senão vejamos: a Constituição diz, no artigo...

  • Senão pode ser também usado como substantivo, referindo-se a falha ou defeito. Como nos exemplos: Não havia nenhum senão no seu trabalho./ Apontou vários senões no processo.

SE NÃO, porém, tem uso mais restrito, significando “caso não” ou “quando não”.

Espero que não me culpe se não [caso não] formos viajar.
Se não [caso não seja] for feito o pagamento, o produto não será entregue.
É melhor você trabalhar; se não [caso não trabalhe], não terá dinheiro.
Se não [caso não] fosse a coragem dele, eu não estaria mais vivo.
As crianças queriam escapar, se não [quando não] dos maus-tratos, da repressão dos pais.
A seleção brasileira terá condições, se não [quando não] de ganhar, pelo menos de disputar a Copa do Mundo em igualdade de condições com as melhores seleções do mundo.
A maioria dos alunos, se não [quando não] toda a sala, adora aquele professor de matemática.

Há casos, no entanto, como se deve ter notado, em que senão utilizado como “do contrário” pode se confundir com se não, como no exemplo abaixo:

É melhor você trabalhar, senão não terá dinheiro.
É melhor você trabalhar; se não [caso não trabalhe], não terá dinheiro.

ou

Lute, senão está perdido.
Lute; se não [caso não lute], está perdido.

Sendo assim, sugere-se, quando da utilização de se não, o uso de ponto-e-vírgula antes da segunda oração e de vírgula depois de se não.

infarto e enfarte

Segundo o Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, “enfarte, enfarto e infarto são vocábulos cognatos de farto (do lat. fartus ou farctus, cheio, saciado, atulhado), do qual derivam os verbos fartar (saciar, atulhar) e enfartar (encher de comida, fartar, entupir, obstruir). As três variantes são consideradas corretas. Enfarte e enfarto são formas da linguagem popular; infarto, provavelmente adaptação do inglês infarct e do francês infarctus, é forma adotada na terminologia médica".

Trocando em miúdos, o termo médico é INFARTO. O infarto pode ser de vários órgãos, sendo o mais comum o do miocárdio (coração). Mas existem também o pulmonar, o cerebral (sinônimo de derrame cerebral), o ósseo, o mesentérico (intestino). É qualquer área com hemorragia e necrose causadas por obstrução da circulação (ou seja, um entupimento de veias ou artérias).

O uso de ENFARTE é o de ingurgitamento, enchimento, inchação, entupimento. No entanto, assim como uma das significações de INFARTO, se refere também a “tornar farto, encher de comida, empanturramento”.

No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), encontram-se todas essas formas: enfartar e infartar; enfarte e enfarto; infarte e infarto. No dia a dia, no entanto, as ocorrências de infarte e enfarto não são comuns.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

hífen em PORTA e em PARA

Apesar de o paraquedas/paraquedista/paraquedismo terem perdido o hífen, nada mudou para o para-raios, o para-choque, o para-brisa, o para-lama, o para-chuva e os outros “para-alguma coisa”.
E apesar de o autorretrato ter perdido o hífen e se tornado essa palavra horrenda, o porta-retrato continua com o seu, assim como o porta-malas, o porta-luvas, o porta-aviões, o porta-bandeira, o porta-joias, o porta-voz, o porta-copos, o porta-níqueis e seus primos todos.


bom-dia, boa-tarde e boa-noite têm hífen?

Depende do contexto. Quando são simplesmente usados para cumprimentar ou para falar sobre o dia/a tarde/a noite, não há hífen.
Exemplos: Bom dia, papai. Boa tarde a todos. Boa noite! Hoje está sendo um bom dia, não está?
Porém, se usados como substantivo masculino que signifique “um cumprimento” (às vezes também precedidos pelo artigo “um”), aí entra sim o hífen.
Exemplos: O professor disse a todos um bom-dia. A criança nos beijou e deu boa-noite. Abriu um sorriso de boa-tarde. Seu bom-dia foi bem estranho naquela manhã. Desconfiei daquele boa-noite.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

mais gentílicos curiosos

Gaúcho ou rio-grandense-do-sul (Rio Grande do Sul)
Gaúcho é uma denominação dada a pessoas ligadas à atividade pecuária na região do Vale do Rio da Prata (Argentina e Uruguai), descendentes de uma mistura de europeus, índios e africanos. Designava pessoas de hábitos nômades, brancos pobres, escravos fugidos ou índios aculturados sem terra. Foi usada pejorativamente para designar os habitantes do Rio Grande do Sul na época do Império durante a Guerra Farroupilha, com o objetivo de menosprezá-los, mas depois, na República, foi adotada por eles, com orgulho.
Potiguar ou norte-rio-grandense (Rio Grande do Norte)
Potiguar era o nome de uma nação tupi que habitava a região litorânea na qual hoje se localiza o estado. Em tupi, quer dizer “comedor de camarão”. Não por coincidência, o estado é o maior exportador brasileiro de crustáceo.
Capixaba ou espírito-santense (Espírito Santo)
Capixaba também tem origem tupi e significa “lugar para se plantar” ou “terra de plantação”. Eram chamadas assim as plantações (especialmente de milho, abundantes na região.
Barriga-verde ou catarinense (Santa Catarina)
Havia em Santa Catarina um regimento militar, com base em Florianópolis, cuja farda incluía uma larga faixa verde, que cobria a barriga. Eram chamados, por isso, de barriga-verde. Seu grupo de soldados se destacou na guerra da Cisplatina (1825-1828, do Brasil contra as Províncias Unidas do Rio da Prata) e tornou-se lendário, passando a expressão então a identificar todos os provenientes daquele estado. Hoje, a expressão é bastante comum.
Canela-verde ou vila-velhense (Vila Velha, capital do Espírito Santo)
A expressão “canela-verde” data do início da colonização do estado. Segundo se conta, era como os índios se referiam aos colonizadores portugueses, que ao desembarcar de seus navios manchavam suas canelas e a barra de suas calças de verde, devido à grande quantidade de algas marinhas que havia na costa capixaba.
Paulista (estado de São Paulo)
O sufixo ISTA soa um pouco estranho na formação de gentílicos e é muito pouco comum. Existem pouco mais de 20 ocorrências no dicionário. Podemos vê-lo em paulista, santista (Santos-SP), são-bentista (São Bento Abade-MG), são-felista (São Félix-BA), tupi-paulista (Tupi Paulista-SP), união-paulista (União Paulista-SP), roseirista (Roseira-SP), malauista (Malauí – África), asa-nortista e asa-sulista (dos bairros Asa Norte e Asa Sul, em Brasília), abre-campista (Abre Campo-MG), américo-campista (Américo de Campos-SP), cabista (Arraial do Cabo-RJ), campista (Campos de Goytacazes-RJ), lajista (Lajes-BA), além de nortista e sulista, referentes, respectivamente, aos habitantes da região Norte e Sul do Brasil.
Paulistano (cidade de São Paulo)
Ao contrário de ISTA, o sufixo ANO é um dos mais comuns. São milhares de exemplos. Além de paulistano, temos baiano, mexicano, americano, africano, angolano, moçambicano, peruano, cabo-verdiano, boliviano, equatoriano, colombiano, venezuelano, italiano, cubano, romano, iraquiano, napolitano, texano, alagoano, acriano, itaparicano, goiano, cuiabano, paraibano, curitibano, pernambucano, sergipano etc.

tocanti... o quê?

Se você procurar no dicionário, vai encontrar esses três gentílicos (ou seja, adjetivos que se derivam de nomes de cidades, estados, países, continentes, etc.): tocantinense, tocantiniense e tocantinopolitano.
Pra começar, quem nasce no estado do Tocantins é tocantinense, a primeira palavrinha aí que eu citei, de acordo com o post anterior. Tudo o que for relativo a Tocantins é tocantinense.
O que seria então tocantiniense? Tocantiniense se relaciona a Tocantínia, município do estado de Goiás. O mesmo acontece com tocantinopolitano, que é relativo a Tocantinópolis, outro município de Goiás.
Esse “politano” que forma o derivado de Tocantinópolis é por causa desse “polis” aí, que vem do grego e significa “cidade”. O mesmo acontece com soteropolitano, que se refere à cidade de Salvador, que é um caso à parte.
Salvador não termina em “polis”, você deve estar querendo argumentar. É, não termina. Mas “soter”, em latim, significa “salvador” e “polis”, como vimos, “cidade” em grego. “Soterópolis” seria, então, “cidade de Salvador”. Por isso o soteropolitano. (Assim como de Petrópolis vem petropolitano, de Florianópolis vem florianopolitano, de Anápolis vem anapolitano.)
Os dicionários também aceitam a formação “salvadorense”, mas seu uso não é comum. Mesmo porque há uma cidade chamada Salvador do Sul – no Rio Grande do Sul –, e seus habitantes são salvadorenses. Salvadorenho, como sabemos, é relativo a El Salvador, país lá da América do Norte.
Alguns lugares, como Salvador, adotam mesmo um gentílico mais erudito. É o caso de “fluminense”, relativo ao estado do Rio de Janeiro. Vem de “flumen” (rio em latim). Já a cidade do Rio de Janeiro tem como gentílico “carioca”, que, segundo dizem, vem da denominação dos índios tamoios para o lugar: “akari oca” (ou “casa de cascudo”).
A cidade mineira de Três Corações tem o seu: tricordiano, formado por “tri” (três em latim) e “cordis” (coração em latim). São Luís, capital do Maranhão, tem dois: o comum, são-luisense, e o grã-fino, ludovicense (de “Ludovicus”, que deu origem ao nome Luís). Manaus, capital do Amazonas, também tem dois: manauense e manauara (“wara”, em tupi, é “o que veio de”, “nascido em”).

terça-feira, 3 de maio de 2011

acreano ou acriano?

Outra mudança na nova ortografia é que os sufixos IANO e IENSE passam a manter o I nos substantivos e adjetivos derivados, mesmo que suas formas primitivas possuam E. Isso quer dizer que quem nasce no Acre é agora acriano, e não mais acreano. Embora tenha gerado reivindicações em todo o Acre e alguns jornais locais tenham se negado a adotar a novidade, é o que a lei manda, o que podemos fazer?
Do mesmo modo, de Açores vem açoriano; de Camões vem camoniano; de Shakespeare vem shakespeariano; de Torres vem torriense; de Saussure vem saussuriano; de Euclides da Cunha vem euclidiano; de Borges vem borgiano; de Nelson Rodrigues vem rodriguiano; de Wagner vem wagneriano.
E os exemplos seguem: cingapuriano, freudiano, byroniano, chapliniano, rosiano (de Guimarães Rosa), zairiense (do Zaire), equatoriano, quebequiense (de Quebec), mülleriano (de Müller), machadiano (de Machado de Assis), bilaquiano (de Bilac), lacaniano (de Lacan), argeliano.
Exceção: A exceção à regra se dá quando a forma primitiva tiver vogal tônica aberta (que são aquelas com acento agudo ou pronunciadas como se o tivessem). Nesse caso, o E permanece no derivado (EANO ou EENSE), como em Coreia (coreano), Montevidéu (montevideano), Daomé (daomeano), Guiné (guineense ou guineano), Macapá (macapaense), Manaus (manauense), Maceió (maceioense), Igapó (igapoense), Feijó (feijoense), Abaeté (abaeteense), Iguaçu (iguaçuense), sucuri (sucuriense), Piauí (piauiense), Camburi (camburiense), Tocantins (tocantinense).

mais sobre o hífen

Outra regrinha que continua em vigor é o hífen obrigatório em palavras compostas que indicam origem, como belo-horizontino, norte-rio-grandense, porto-alegrense, ouro-pretense, cabo-verdense, são-bernardense, são-pedrense-do-sul, sul-africano, sul-coreano, mato-grossense, serra-negrense, porto-riquenho.

o casamento de hífen e apóstrofo

A nova regra ortográfica diz o seguinte: “Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo”. Isso quer dizer que, quando houver apóstrofo (‘) entre palavra composta (ou seja, duas ou mais palavras que juntas querem dizer uma coisa só), você vai ter que colocar hífen entre elas.
Exemplos: copo-d’água, mãe-d’água, pé-d’água, mestre-d’armas, gota-d’água, caixa-d’água, estrela-d’alva, pau-d’alho, olho-d’água, pau-d’arco, queda-d’água, caixa-d’óculos, pai-d’égua, pau-d’arara etc.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

a queda de acentos

O novo acordo decepou o acento de muitas palavras. Para se lembrar de todas, você vai ter de dar uma olhadinha aqui: 
  1. ÉI e ÓI de palavras PAROXÍTONAS. Ou seja, apenas se o ÉI e o ÓI estiverem na penúltima sílaba.
Exemplos: alcaloide, androide, asteroide, celuloide, debiloide, boia, jiboia, joia, paranoia, tramoia, apoia e apoio (do verbo apoiar), heroico, paranoico, estoico (=impassível, austero), alcateia, estreia e estreio (do verbo estrear), ideia, colmeia, Pompeia, Coreia, odisseia, plateia, geleia.
Atenção: Quando as palavras tiverem acento na última sílaba (ou seja, se forem OXÍTONAS), o acento permanece. Exemplos: papéis, motéis, herói, dói, sóis, faróis.
  1. I e U tônicos de PAROXÍTONAS quando antecedidos de ditongo crescente. Na prática, quando três vogais se encontram numa palavra PAROXÍTONA, sendo a última I ou U.
Exemplos: baiuca (=biboca, local de péssima categoria), Bocaiuva, cauila (=avarento), feiura, maoista, maoismo, Sauipe.
  1. palavras terminadas em EEM ou OO.
Exemplos: preveem (do verbo prever), creem (do verbo crer), deem (do verbo dar), leem (do verbo ler), veem (do verbo ver), abençoo, voo, doo (do verbo doar), enjoo, magoo (do verbo magoar), perdoo, povoo (do verbo povoar), zoo.
  1. PÁRA, PÊRA, PÓLO, PÊLOS, PÉLA (do verbo pelar).
Exemplos: Pois é, fica assim: Ele para no farol vermelho. Qual o preço da pera? Viagem ao Polo Norte. Ele tem muitos pelos no peito. Seu corpo pela de febre.
  1. U tônico das formas (tu) argúis, (ele) argúi, (eles) argúem, do verbo ARGUIR. O mesmo vale para REDARGUIR.
Exemplos: Fica assim: arguis, argui, arguem, redarguis, redargui, redarguem.
ATENÇÃO
  1. Permanecem acentuados: PÔDE e PÔR (verbo).
Exemplos: Ontem Pedro não pôde sair. Preciso pôr o livro na estante.
  1. Permanecem acentuados os plurais dos verbos TER e VIR, e de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Exemplos: têm, vêm, mantêm, detêm, retêm, contêm, convêm, intervêm, advêm.
  1. É facultativo o acento em FÔRMA, para diferenciá-la de FORMA. Há casos em que o uso do acento deixa a frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma? A fôrma é oval.

o não e o quase

No dia a dia, é bom lembrar: pra escrever direito, nada de botar hífen em palavras formadas por NÃO. É o caso de “o não lugar”, “não fumantes”, “não sócio”, “não uso de drogas”, “não dito”, “não cumprimento”, “não comparecimento”, “não verbal”, “não praticante” e coisas do tipo.

O mesmo acontece com as formadas com QUASE, que também perderam o hífen. Então, esqueça os tracinhos em frases como “cometemos um quase delito”, “ele é um quase famoso”, “tocou uma quase ópera”, “experiência de quase morte”, “temporada de quase anjo”, “o quase marido”, “o quase milagre”, “a quase extinção”, “a quase princesa” etc.


quinta-feira, 31 de março de 2011

para saber usar o hífen – parte II

Pois é, as novas regras para o uso do hífen trouxeram monstrinhos como autorretrato, antirracismo, neorrepublicano, corresponsável, semirreta ou mesmo micro-ondas. Os olhos estranham, mas o jeito é se acostumar. Aqui embaixo vão as regras gerais, que são dez:
  1. usa-se o hífen antes de palavra começada por H.
Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, sobre-humano, super-homem, ultra-humano, anti-herói, supra-hepático, neo-helênico.
Exceção: se o prefixo for DES, DIS, IN, PRO, CO, PRE, RE e TRANS não se usa o hífen. Exemplo: coabitação, inábil, desumano, inabitual, coerdeiro (ver regra número 10).
  1. usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra do início da próxima palavra.
Exemplos: micro-ondas, anti-inflacionário, sub-bibliotecário, inter-regional, anti-inflamatório, hiper-realista, arqui-inimigo, micro-ônibus, inter-racial, super-resistente, ultra-absorvente, contra-ataque.
Exceção: se o prefixo for DES, DIS, IN, PRO, CO, PRE, RE e TRANS não se usa o hífen. Exemplos: preexistente, preelaborar, reescrever, reedição, reestruturar, coobrigação, cooperar, coordenador, reeleger, desserviço, transexual, dissenso, inacionalidade, proótico (ver regra número 10).
  1. usa-se o hífen sempre quando o prefixo for ex, sem, aquém, além, recém, pós, pré, pró, soto/sota, grão/grã ou vice.
Exemplos: vice-rei, além-mar, além-túmulo, ex-aluno, pós-graduação, pré-história, recém-nascido, sem-terra, pré-nupcial, soto-almirante, soto-general, sota-ministro, grã-fino, grão-duque.
  1. usa-se o hífen quando o último elemento é de origem tupi-guarani (açu, guaçu, mirim) e adjetive o anterior.
Exemplos: capim-açu, amoré-guaçu, anajá-mirim, açaí-mirim, araçá-guaçu, mutum-açu.
  1. usa-se o hífen com euro, indo, sino, franco, anglo, luso, afro, ásio etc. quando se trata da soma de duas ou mais identidades.
Exemplos: euro-africano, euro-afro-americano, indo-português, anglo-americano, franco-suíço, sino-japonês, ásio-europeu, luso-árabe
Exceção: quando só adjetivam o outro elemento, o hífen cai. Exemplos: eurocomunista, afrolatria, francofobia, sinofilia, lusofilia.
  1. usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente são combinadas para formar um encadeamento vocabular.
Exemplos: ponte Rio-Niterói, tratado Angola-Brasil, eixo Rio-São Paulo, percurso Lisboa-Coimbra-Porto, estrada Londrina-Maringá.
  1. usa-se o hífen nos nomes próprios de lugares ou acidentes geográficos iniciados por GRÃ/GRÃO, verbo ou cujos elementos estejam ligados por artigo.
Exemplos: Grão-Pará, Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Quebra-Dentes, Baía de Todos-os-Santos, Trás-os-Montes.
  • Os demais topônimos são escritos separados e sem hífen, como, por exemplo, América do Sul, Cabo Verde. Exceção: Guiné-Bissau e Timor-Leste.
  1. não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela do início da outra palavra.
Exemplos: autoescola, antiaéreo, antialérgico, infraestrutura, intermunicipal, supersônico, superinteressante, agroindustrial, aeroespacial, semicírculo, antiestético, contraindicação, extraoficial, hipermercado, semiárido, supracitado, intrauterino, autoaprendizagem, hidroelétrico, semiextensivo, pseudoatleta, anticristo, extravirgem.
Observação: se o prefixo terminar com vogal e o outro elemento começar com R ou S, essas letras são dobradas.
Exemplos: minissaia, antirracismo, antissocial, ultrassom, semirreta, arquissecular, antessala, neorrepublicano, antirracional, eletrossiderurgia, microssistema, contrarregra, extrarregular, arquirrival, ultrarromântico, suprarrenal, antirrugas, suprassumo.
Exceção 1: se o prefixo for SUB, SOB, AB, OB ou AD, o hífen vai ser usado se a próxima palavra começar com R. Exemplos: sub-região, sub-reitor, sub-regional, sob-roda, sub-regente, ad-digital, ad-renal, ob-rogar, ab-rogar. No caso de ab-rupto/abrupto, são aceitas as duas formas. No caso de adrenalina, só se escreve sem hífen.
Exceção 2: se o prefixo for CIRCUM ou PAN, o hífen vai ser usado se a próxima palavra começar com M, N, H ou vogal. Exemplos: circum-murado, circum-navegação, pan-americano, pan-islamismo, circum-hospitalar
Caso contrário, junta tudo: pansexual, circumpercurso.
  1. não se usa o hífen na formação de palavras com NÃO ou QUASE.
Exemplos: não agressão, não governamental, quase delito.
  1. não se usa o hífen com os prefixos DES, DIS, IN, PRO, CO, PRE, RE e TRANS. Se o próximo elemento começar com H, ele é cortado. No caso de PRO E CO, se o próximo elemento começar com R ou S, essas letras são dobradas.
Exemplos: desumano, desserviço, dissenso, inábil, inabitual, inacionalidade, desregrado, transamazônico, transexualidade, desrespeitar, procônsul, procurvado, proótico, prorromper, prosseguir, prossignatário, preexistente, preelaborar, reescrever, reedição, reestruturar, coobrigação, cooperar, coordenador, reeleger, coobrigação, coedição, cofundador, coabitação, coerdeiro, corréu, corresponsável, cosseno.

segunda-feira, 28 de março de 2011

a queda do hífen – parte I

Pois é, ele caiu transformando muita palavra. Algumas das principais quedas foram em paraquedas (paraquedista/paraquedismo), mandachuva, dia a dia, fim de semana, mão de obra, pôr do sol, lua de mel, pão de ló, tão somente, à toa, mestre de obras, camisa de força, ponto de venda, mula sem cabeça, ponto e vírgula, pé de chinelo, pé de moleque, (cor de/política do) café com leite, café da manhã, pé de pato, pó de mico, cara de pau, pé de cabra, dona de casa, maria vai com as outras, bumba meu boi, disse me disse, tomara que caia.
No entanto, permanecem com hífen: vaga-lume, guarda-chuva, salário-mínimo, cata-vento, cor-de-rosa, ar-condicionado, vale-transporte, palavra-chave, tio-avô, bel-prazer, conta-gotas, decreto-lei, bem-me-quer, arco-íris, boa-fé, joão-ninguém, mesa-redonda, segunda-feira, pé-de-meia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, água-de-colônia, à queima-roupa, ao deus-dará,  cara-pálida etc. Em gota-d’água e em todas as palavras compostas com apóstrofo também o hífen permanece: caixa-d’água, estrela-d'alva, mãe-d’água, mestre-d’armas, olho-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco.
O porquê disso só Deus sabe.

hífen para repetições

Pelo novo acordo ortográfico, o hífen vai aparecer sempre que houver palavras compostas com elementos repetidos ou que tenham quase o mesmo som, como é o caso de blá-blá-blá, reco-reco, tique-taque, zigue-zague, pega-pega, pingue-pongue, esconde-esconde, tico-tico, cri-cri, ti-ti-ti, tum-dum-dum, zum-zum, lenga-lenga, quebra-quebra, corre-corre, zás-trás etc.
No caso de ziguezaguear, por exemplo, que é derivado de zigue-zague, o hífen se perde no meio do caminho.

hífen para plantas e animais

Outra coisa que a nova ortografia trouxe foi que o hífen vai sempre ligar palavras compostas que se referirem a espécies botânicas e zoológicas. Ou seja, qualquer espécie de árvore, fruta, alga, ervas etc. e de animais vai ter o hifenzinho se for composta.
Para isso, existem milhares de exemplos. Para citar alguns: urso-polar, uva-passa, erva-doce, bem-te-vi, joão-de-barro, capim-santo, erva-de-santa-maria, cana-de-açúcar, feijão-verde, andorinha-do-mar, cobra-d’água, banana-nanica, porco-da-índia, tangerina-cravo, ipê-amarelo, galinha-d’angola, mico-leão-de-cara-dourada, couve-de-bruxelas, laranja-pêra, alecrim-do-mato, açafrão-da-índia, araçá-do-campo, macaco-prego. E por aí vai.
A única exceção é com “malmequer”, um outro nome dado à margarida.

domingo, 27 de março de 2011

bem-vindo à confusão

A última reforma ortográfica mexeu aqui e acolá, mas não derrubou o “bem-vindo”. A palavra continua assim mesmo, com hífen.
Aliás, diz a nova regra que: quando o primeiro elemento da palavra for MAL, ela recebe o hífen se o segundo elemento começar por vogal ou H. Exemplos: mal-estar, mal-apanhado, mal-habituado, mal-afortunado, mal-olhado, mal-agradecido, mal-adaptado, mal-educado, mal-humorado. De resto, vai tudo sem hífen: malnascido, malservido, malcriado, malcozido, malconservado, malcheiroso, maldormido. A exceção é quando MAL significar “doença” – neste caso, o hífen é usado: mal-francês. No entanto, se houver um elemento de ligação, o hífen cai, como em “mal de lázaro”, “mal de Alzheimer” ou “mal de sete dias”.
Quanto a BEM, os hifens geralmente são mantidos e só se perdem em casos extremos: como em benfeito, para acompanhar benfeitor, que já era sem hífen (assim como benquisto). Não existe mais bem-feito, portanto. Em alguns casos, aceitam-se as formações com ou sem hífen (neste caso, o BEM vira BEN): bem-querido/benquerido, bem-querença/ benquerença, bem-fazer/benfazer, bem-querer/benquerer, bem-dizer/bendizer. Note-se que nesses casos a aglutinação é aceita porque os elementos “se dão bem” juntos, a aglutinação não é estranha, diferentemente de bem-sucedido, bem-intencionado, bem-ido, bem-mandado, bem-aventurado, bem-humorado, bem-apanhado, bem-casado, bem-estar, bem-dormido, bem-visto, bem-vestido, que são aceitos apenas com hífen, já que seria estranhíssimo bemido, bemestar, benvestido, bensucedido.

meteorologia, disenteria, pichar

Vamos acabar com três enganos numa cajadada só. Pense em METEORO e não se esqueça mais: é METEOROlogia, e não metereologia (aliás, não existe nenhuma palavra com “metere”). É isso, tem sempre METEORO antes. Fica a dica.
Quanto a “disenteria”, vale a dica da minha chefe: a palavra vem do grego “énteron”, que significa “intestino”. Aliás, em português, na área de zoologia, a palavra “ênteron” quer dizer “tubo digestivo”. Sabendo disso, podemos pensar em disenteria como uma disfunção do intestino (énteron). Quem souber disso nunca mais escreve ou fala “desinteria”.
Pixar não existe. Então é só pichar mesmo. Aquele que picha é o “pichador”. Pichar vem de “piche” e quer dizer tanto “pintar com piche” quando “falar mal de alguém”. É isso aí.

quinta-feira, 24 de março de 2011

os hermafroditas da língua

Há também o caso de suéter, usucapião, xérox (ou xerox), própolis (ou própole), diabete (ou diabetes), laringe e personagem, para os quais tanto faz serem antecedidos por “a” ou “o”, não faz nenhuma diferença. Podemos apontar para um suéter ou para uma suéter, que não há qualquer problema, o/a suéter não tem sexo e não ficará chateado/a. “Cólera”, quando se referir à doença, aceita tanto “o” quanto “a”, mas atenção: quando for sinônimo de “fúria” só aceita “a”.
Para completar toda essa pluralidade de possibilidades, vale falar também que existem aqueles substantivos que podem ser tanto ele quanto ela. Temos, como exemplo, sabiá, médium, protagonista, sósia, líder, porta-voz, puxa-saco, xerife, xereta, atleta, patriota, jovem etc. Todas aceitam tanto “o” ou “a”, ou seja, podem se referir tanto a ele quanto a ela e o artigo tem de concordar com este. Se estivermos falando de Maria, diremos “a jovem”, e nunca “o jovem”, logicamente, assimi como se estivermos falando de Chico Xavier, diremos “o médium”.
Mas não para por aí, logicamente. Há ainda aquelas palavrinhas que mudam o significado dependendo do artigo que as antecede. “O caixa” do supermercado é um funcionário e “a caixa” é um objeto, geralmente de papelão ou madeira. Podemos falar “da capital” de um estado ou “do capital” de uma empresa. Ou “do guarda” de trânsito ou noturno – que é diferente “da guarda” municipal (que se refere à corporação). “O guia” é aquele que nos leva para conhecer um lugar, enquanto “a guia” é um documento, um formulário, ou mesmo o meio-fio. “O moral” é o estado de espírito de alguém (que pode estar com o moral alto ou baixo), enquanto “a moral” se refere à ética ou pode ser conclusão que se tira de uma história.
Exemplo clássico é o de “grama”. “A grama” é verdinha e às vezes vem com uma plaquinha onde se lê “não pise na grama”. “O grama” é uma unidade de medida de massa. A balança marca quantos gramas de presunto ou de salame você vai levar. E na embalagem de macarrão você também vai ler: “quinhentos gramas” (e não quinhentas).

parece ele, mas é ela

Já que falei dos substantivos travestis, vale lembrar que o contrário também acontece: o de substantivos que têm jeitão de homem, mas que são femininos. É o caso, por exemplo, de “sentinela” e “mascote”. É sempre “a sentinela” e “a mascote”, por mais esquisito que possa parecer.
No mesmo time jogam “a grafite”, “a echarpe”, “a agravante”, “a quitinete”, “a patinete”, “a ioga”, “a libido”, “a cal”, “a couve” (e também “a couve-flor”), “a comichão”, “a alface”, “a cedilha”, “a omelete” e “a bacanal”. Então, pense bem antes de ir a “um bacanal no quitinete” ou de comer “um alface e um couve-flor”. Não esqueça que tudo isso faz parte do mesmo gênero: o feminino.

os travestis da língua

O mundo dos substantivos é como esse mundo em que a gente vive: tá cheio de coisas que a gente acha que são, mas não são. Muito masculino que a gente jura que é feminino e vice-versa. Pode parecer estranho no começo, mas o costume faz a estranheza e o preconceito desaparecerem.
Um dos mais famosos travestis é “dó”, masculino no RG, mas que tem cara de mulher. O substantivo “amálgama”, por exemplo, também parece feminino, mas nããão. É “o” amálgama, assim como “o” dó. Cônjuge, algoz, gênio, carrasco, anjo, gigante, herpes, champanhe (ou champanha), pé-frio, pivô, vernissage, é tudo travesti mesmo. Do gênero masculino. Então não dá pra dizer “a carrasca”, “a anja”, “a gênia”, “a gigante”, e por aí vai.
Isso sem falar em “cataclismo” (que, entre outras coisas, quer dizer desastre, terremoto), que também é masculino e vive sendo chamado de “cataclisma” por aí. Do mesmo jeito como em “somatório”, que é chamado sempre de “somatória” (a maioria dos dicionários só registra mesmo “somatório”, pode conferir). O trema foi abolido na nossa língua, mas continua sendo ele, masculino mesmo, como “milhar” – portanto, nada de “a trema” e “as milhares”.